O Calendário Romano Antigo (antes das reformas)
O calendário romano mais antigo era um
sistema lunar-solar, ou seja, baseado tanto nas fases da lua quanto no ciclo
solar. Ele era bastante diferente do que conhecemos hoje e passou por várias
mudanças ao longo do tempo.
Características principais:
Origem lendária:
Tradicionalmente atribuído ao fundador de
Roma, Rômulo, no século VIII a.C., o calendário original tinha
apenas 10 meses e 304 dias no ano.
Os meses eram: Martius (março), Aprilis
(abril), Maius (maio), Junius (junho), Quintilis (julho), Sextilis (agosto),
September (setembro), October (outubro), November (novembro) e December
(dezembro).
O ano começava em março (Martius), mês
dedicado a Marte, deus da guerra, refletindo a importância militar para os
romanos.
Falta de meses no inverno:
O período entre dezembro e março não era
atribuído a nenhum mês, pois era considerado um tempo "morto" no
ciclo agrícola e militar.
Reforma de Numa Pompílio:
- No século VII a.C., o segundo rei de Roma, Numa Pompílio, reformou o calendário, adicionando dois novos meses: Januarius (janeiro) e Februarius (fevereiro).
- O ano passou a ter 12 meses e 355 dias, ainda baseado no ciclo lunar.
- Para ajustar o calendário ao ano solar (de aproximadamente 365 dias), era inserido um mês intercalar (Mercedonius) de tempos em tempos.
Problemas com o mês
intercalar:
A inserção do mês intercalar era feita pelos
sacerdotes (pontífices), mas muitas vezes era manipulada por motivos políticos,
como prolongar o mandato de certos magistrados. Isso causava grande confusão e
desalinhamento com as estações do ano.
A Reforma Juliana (Calendário Juliano)
O calendário romano antigo era tão caótico
que, em 46 a.C., Júlio César, com a ajuda do astrônomo egípcio Sosígenes,
decidiu reformá-lo completamente. O novo sistema, conhecido como calendário
juliano, foi implementado em 45 a.C. e tornou-se a base do calendário ocidental
moderno.
Principais mudanças:
Ano solar de 365 dias:
- O calendário juliano foi baseado no ciclo solar, com um ano de 365 dias, dividido em 12 meses.
- Para ajustar o ano solar real (que tem aproximadamente 365,25 dias), foi introduzido um dia bissexto a cada 4 anos, no mês de fevereiro.
Meses e dias:
Os meses passaram a ter a duração que conhecemos hoje:
- Janeiro (31 dias), fevereiro (28 ou 29 dias), março (31 dias), abril (30 dias), maio (31 dias), junho (30 dias), julho (31 dias), agosto (31 dias), setembro (30 dias), outubro (31 dias), novembro (30 dias) e dezembro (31 dias).
- O mês Quintilis foi renomeado para Julius (julho) em homenagem a Júlio César, e Sextilis foi renomeado para Augustus (agosto) em homenagem ao imperador Augusto.
Início do ano:
O ano continuou começando em 1º de
janeiro, uma tradição que já existia antes da reforma, mas que foi consolidada
com o calendário juliano.
Precisão:
O calendário juliano era muito mais preciso
que o antigo sistema romano, mas ainda tinha uma pequena diferença em relação
ao ano solar real (cerca de 11 minutos a mais por ano). Essa diferença
acumulada ao longo dos séculos levou à necessidade de uma nova reforma no
futuro.
Legado
O calendário juliano foi usado na Europa e
no mundo ocidental por mais de 1600 anos, até ser substituído pelo calendário
gregoriano em 1582, que corrigiu a pequena imprecisão acumulada.
A estrutura básica do calendário juliano
(meses, dias e anos bissextos) ainda é a base do nosso calendário atual.
Meses do Calendário Romano Antigo (em latim)
Janus e as portas:
Janus era tão importante que os romanos construíram um templo em sua homenagem, o Templo de Janus Geminus, que tinha portas que permaneciam abertas em tempos de guerra e fechadas em tempos de paz.
Februarius e o ano bissexto:
O mês de fevereiro foi escolhido para receber o dia bissexto no calendário juliano, pois já era o mês mais curto e associado a rituais de ajuste e purificação
Martius (março):
- Nomeado em homenagem a Marte (Mars), o deus da guerra.
- Era o primeiro mês do ano no calendário romano mais antigo, refletindo a importância da guerra e da preparação militar para os romanos.
Aprilis (abril):
- A origem do nome é incerta, mas pode estar relacionada ao verbo latino aperire, que significa "abrir", referindo-se ao desabrochar das flores na primavera no hemisfério norte.
- A associação de Aprilis com Afrodite pode ser uma mistura de influência cultural grega e a conexão simbólica entre o mês de abril (primavera) e os temas de fertilidade e beleza que a deusa representa. Embora os romanos tenham adotado Vênus como sua versão de Afrodite, o nome grego ainda era amplamente conhecido e usado, especialmente em contextos literários e eruditos.
Maius (maio):
- Homenagem à deusa Maia, uma divindade associada à fertilidade e ao crescimento da vegetação.
- Maia era considerada uma das sete irmãs das Plêiades na mitologia greco-romana.
Junius (junho):
- Nomeado em homenagem à deusa Juno (Iuno), esposa de Júpiter e protetora do casamento e da família.
Quintilis (julho):
- Originalmente chamado de Quintilis, que significa "quinto mês", pois era o quinto mês no calendário romano antigo (que começava em março).
- Após a reforma juliana, foi renomeado para Julius em homenagem a Júlio César.
Sextilis (agosto):
- Originalmente chamado de Sextilis, que significa "sexto mês".
- Foi renomeado para Augustus em homenagem ao imperador Augusto.
September (setembro):
- Do latim septem, que significa "sete", pois era o sétimo mês no calendário romano antigo.
October (outubro):
- Do latim octo, que significa "oito", pois era o oitavo mês no calendário romano antigo.
November (novembro):
- Do latim novem, que significa "nove", pois era o nono mês no calendário romano antigo.
December (dezembro):
- Do latim decem, que significa "dez", pois era o décimo mês no calendário romano antigo.
A adoção do calendário gregoriano não foi imediata em todos os países. Inicialmente, foi aceito por nações católicas, como Itália, Espanha e Portugal, enquanto países protestantes e ortodoxos resistiram por séculos. A Rússia, por exemplo, só adotou o calendário em 1918, após a Revolução Russa. Hoje, ele é o padrão global para medir o tempo, sendo essencial para a coordenação de atividades econômicas, políticas e sociais em escala internacional. Sua precisão e uniformidade o tornaram uma ferramenta indispensável na organização da vida moderna.
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