sexta-feira, 16 de maio de 2025

I Ching

 


I Ching (ou "Livro das Mutações") é um dos textos mais antigos e importantes da filosofia e da cultura chinesa, servindo tanto como oráculo quanto como tratado de cosmologia e ética. Abaixo está uma explicação detalhada com datas, origem e informações sobre seus oraculistas:

1. Origem e Datas

  • Séculos XII–XI a.C. (Dinastia Zhou Ocidental):
    A tradição atribui a criação do I Ching ao rei Wen de Zhou (Zhou Wen Wang), que teria elaborado os 64 hexagramas e seus julgamentos enquanto estava preso pelo tirano Zhou da Dinastia Shang. Seu filho, o duque Zhou Dan (Zhou Gong), teria acrescentado explicações às linhas dos hexagramas.
  • Século IX–VI a.C.:
    O texto foi compilado e expandido durante a Dinastia Zhou, incorporando influências do taoismo e do confucionismo nascentes.
  • Século IV–II a.C. (Período dos Reinos Combatentes):
    Os "Dez Asas" (comentários filosóficos atribuídos a Confúcio, embora isso seja disputado) foram adicionados, sistematizando a interpretação ética e cosmológica do I Ching.
  • Dinastia Han (206 a.C.–220 d.C.):
    O I Ching foi canonizado como um dos Cinco Clássicos do confucionismo, consolidando seu status como texto sagrado.

2. Oráculo e Métodos de Consulta

O I Ching é usado como oráculo há milênios. Os métodos tradicionais incluem:

  • Varetas de Milefólio (Achillea millefolium):
    Um processo demorado com 50 varetas, seguindo rituais precisos para gerar hexagramas.
  • Moedas:
    Método mais rápido, usando três moedas para determinar linhas yin (quebrada) ou yang (sólida).

A interpretação depende da análise dos hexagramas (formados por 6 linhas) e de suas mutações, com base no texto original e nos comentários.

3. Oráculistas e Intérpretes Famosos

  • Rei Wen e o Duque de Zhou:
    Considerados os "pais" do I Ching, seus julgamentos compõem o núcleo do texto.
  • Confúcio (Kongzi, 551–479 a.C.):
    Diz-se que estudou o I Ching profundamente e teria escrito parte dos "Dez Asas". A frase "Se tivesse 50 anos a mais, estudaria o I Ching para não cometer erros" é atribuída a ele.
  • Jing Fang (77–37 a.C., Dinastia Han):
    Desenvolveu teorias cosmológicas ligando os hexagramas a calendários e ciclos naturais.
  • Wang Bi (226–249 d.C.):
    Filósofo da Dinastia Wei que reinterpretou o I Ching sob uma perspectiva taoista, enfatizando conceitos como wu wei (não ação).
  • Carl Gustav Jung (século XX):
    O psicólogo suíço popularizou o I Ching no Ocidente, associando-o ao conceito de sincronicidade.

4. Estrutura do I Ching

  • 64 Hexagramas:
    Cada um combina 6 linhas (yin ou yang) e tem um nome e significado único (ex.: Qian - "O Criativo", Kun - "O Receptivo").
  • Textos Associados:
    • Julgamentos: explicações gerais.
    • Linhas: interpretações específicas para cada linha.
    • Imagem: conselhos baseados no símbolo do hexagrama.

5. Influência e Legado

  • Filosofia: Influenciou taoismo, confucionismo e até o budismo chan (zen).
  • Cultura Global: Tornou-se popular no Ocidente no século XX, usado em psicologia, literatura e até em tomadas de decisão empresarial.

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