O I Ching (ou "Livro das Mutações") é um dos textos mais antigos e importantes da filosofia e da cultura chinesa, servindo tanto como oráculo quanto como tratado de cosmologia e ética. Abaixo está uma explicação detalhada com datas, origem e informações sobre seus oraculistas:
1. Origem e Datas
- Séculos
XII–XI a.C. (Dinastia Zhou Ocidental):
A tradição atribui a criação do I Ching ao rei Wen de Zhou (Zhou Wen Wang), que teria elaborado os 64 hexagramas e seus julgamentos enquanto estava preso pelo tirano Zhou da Dinastia Shang. Seu filho, o duque Zhou Dan (Zhou Gong), teria acrescentado explicações às linhas dos hexagramas. - Século
IX–VI a.C.:
O texto foi compilado e expandido durante a Dinastia Zhou, incorporando influências do taoismo e do confucionismo nascentes. - Século
IV–II a.C. (Período dos Reinos Combatentes):
Os "Dez Asas" (comentários filosóficos atribuídos a Confúcio, embora isso seja disputado) foram adicionados, sistematizando a interpretação ética e cosmológica do I Ching. - Dinastia
Han (206 a.C.–220 d.C.):
O I Ching foi canonizado como um dos Cinco Clássicos do confucionismo, consolidando seu status como texto sagrado.
2. Oráculo e Métodos de Consulta
O I Ching é usado como oráculo há milênios. Os métodos
tradicionais incluem:
- Varetas
de Milefólio (Achillea millefolium):
Um processo demorado com 50 varetas, seguindo rituais precisos para gerar hexagramas. - Moedas:
Método mais rápido, usando três moedas para determinar linhas yin (quebrada) ou yang (sólida).
A interpretação depende da análise dos hexagramas
(formados por 6 linhas) e de suas mutações, com base no texto original e nos
comentários.
3. Oráculistas e Intérpretes Famosos
- Rei
Wen e o Duque de Zhou:
Considerados os "pais" do I Ching, seus julgamentos compõem o núcleo do texto. - Confúcio
(Kongzi, 551–479 a.C.):
Diz-se que estudou o I Ching profundamente e teria escrito parte dos "Dez Asas". A frase "Se tivesse 50 anos a mais, estudaria o I Ching para não cometer erros" é atribuída a ele. - Jing
Fang (77–37 a.C., Dinastia Han):
Desenvolveu teorias cosmológicas ligando os hexagramas a calendários e ciclos naturais. - Wang
Bi (226–249 d.C.):
Filósofo da Dinastia Wei que reinterpretou o I Ching sob uma perspectiva taoista, enfatizando conceitos como wu wei (não ação). - Carl
Gustav Jung (século XX):
O psicólogo suíço popularizou o I Ching no Ocidente, associando-o ao conceito de sincronicidade.
4. Estrutura do I Ching
- 64
Hexagramas:
Cada um combina 6 linhas (yin ou yang) e tem um nome e significado único (ex.: Qian - "O Criativo", Kun - "O Receptivo"). - Textos
Associados:
- Julgamentos:
explicações gerais.
- Linhas:
interpretações específicas para cada linha.
- Imagem:
conselhos baseados no símbolo do hexagrama.
5. Influência e Legado
- Filosofia:
Influenciou taoismo, confucionismo e até o budismo chan (zen).
- Cultura
Global: Tornou-se popular no Ocidente no
século XX, usado em psicologia, literatura e até em tomadas de decisão
empresarial.
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