Na Mesopotâmia, a Lua Não Era Apenar um Astro, Mas um
Deus Regente do Tempo e da Ordem Cósmica
Para os povos entre os rios Tigre e Eufrates, a Lua era
muito mais que luz na escuridão – era Sin (para os babilônios)
ou Nanna (para os sumérios), uma divindade suprema que
governava os ciclos da vida, a passagem dos meses e os segredos do destino.
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O relógio dos deuses,
marcando o tempo sagrado dos primeiros calendários.
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O juiz celeste,
cujos eclipses ditavam o destino de reis e impérios.
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O primeiro livro de astronomia,
onde sacerdotes decifravam os presságios escritos em luz prateada.
A Lua Como Senhora do Tempo e da Lei
Cada crescente
lunar anunciava um novo mês, e cada Lua Cheia selava
pactos entre céu e terra.
Os zigurates,
como o E-Kishnugal em Ur, não eram apenas templos – eram observatórios onde
sacerdotes-astrônomos mapeavam o caminho da Lua para prever estações, cheias e
colheitas.
"Se a Lua brilhar
vermelha no primeiro dia do mês, haverá guerra entre as nações" –
assim diziam as tábuas de Enuma Anu Enlil, mostrando como cada fase
era uma mensagem divina.
Na Lua Nova,
celebrava-se o festival de Akitu, renovando a aliança entre deuses
e humanos.
Pratos de prata (o
metal lunar) e sacrifícios de touros (o animal de Sin)
mantinham a ordem cósmica.
Eclipses: O Terror e a Enganação dos Deuses
Quando a Lua escurecia, era sinal de que os
deuses estavam irados.
Os reis babilônicos tinham um plano astuto: coroavam
um "falso rei" durante eclipses, sacrificando-o
depois para enganar a ira de Sin.
"Se um eclipse ocorrer
no mês de Nisannu, o trono será usurpado" –
e assim impérios agiam para evitar o caos.
Mitologia: A Família Celeste
Sin era pai do Sol (Shamash) e da
estrela da manhã (Ishtar), tecendo uma saga cósmica onde:
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Ishtar,
ao desafiar o submundo, fazia a Lua desaparecer (a Lua Nova).
·
O dilúvio foi
anunciado por Sin a Ziusudra, o Noé mesopotâmico.
O Legado Que Nunca se Pôs
A base da astronomia ocidental,
com cálculos precisos de eclipses.
O crescente lunar, símbolo que atravessou milênios (do Islã à bandeira
de Cartago).
O calendário lunisolar, adotado por judeus e gregos.
Para civilizações como Egito, Grécia e Roma, a Lua Era Muito Mais Que um Astro – Era Sabedoria, Magia e Poder Feminino
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Thoth, o deus-lua egípcio
que media o tempo e inventou a escrita.
Selene, a deusa grega que banhava a Terra com sua carruagem prateada.
Luna, a contraparte romana que regia os mistérios noturnos e a loucura
sagrada.
Egito:
Thoth, a Lua Que Escrevia o Destino
Thoth (representado como
um íbis ou um babuíno) não era apenas o deus da
Lua – era o senhor do tempo, da matemática e da magia.
Os egípcios usavam um calendário lunar ajustado
ao Sol, com Thoth regulando as cheias do Nilo.
O primeiro mês do ano era "Thoth",
marcando a enchente que fertilizava as terras.
A Lua e os Mortos
No Livro dos Mortos, a Lua aparece
como uma barca que transporta almas.
Durante o eclipse (ou seja, na ausência da
Lua), acreditava-se que o deus-Sol Rá e a serpente Apep travavam uma batalha
cósmica.
Khonsu, o Viajante
Noturno, Filho de Amon e Mut, era o deus-lua da cura e da
proteção. Seu nome significa "o que atravessa o céu", e
suas estátuas eram usadas em rituais de “exorcismo”.
Grécia:
Selene, A Deusa da Carruagem Prateada
Selene era a
personificação da Lua Cheia, uma deusa tão bela que seu brilho cegava os
mortais. Ela se apaixonou pelo pastor Endimião e o adormeceu
eternamente para beijá-lo todas as noites.
Hécate, a Lua Negra
Enquanto Selene era a luz, Hécate governava
a Lua Nova e os caminhos sombrios. Deusa da magia e dos
fantasmas, era invocada em encruzilhadas com tochas e oferendas de cachorros
negros.
Artemis e a Lua Caçadora
Artemis (irmã gêmea de
Apolo) não era uma deusa lunar originalmente, mas seu arco prateado e sua
associação com a noite a conectaram à Lua Crescente.
Roma:
Luna, a Senhora dos Loucos e dos Sonhos
Os Templos da Lua Cheia: Os
romanos construíram um templo para Luna no Monte Aventino,
onde sacerdotes observavam os ciclos lunares.
Acreditava-se que dormir sob a Lua Cheia causava
loucura – daí a palavra "lunático".
Os Rituais de
Fertilidade: Na
festa de Matralia, as mulheres romanas pediam à Lua por filhos
saudáveis.
As noites de Luna eram propícias para
poções de amor e sonhos proféticos.
A Lua e a Guerra: Generais consultavam
astrólogos antes de batalhas – uma Lua Minguante era sinal de
derrota.
A Lua Que Uniu Ciência e Misticismo e Moldou Impérios
Para a Mesopotâmia, a Lua não era apenas um deus –
era a lei escrita no céu, o relógio que marcava o ritmo dos
impérios e o espelho onde humanos liam seu destino.
Para egípcios, gregos e romanos, a Lua era um relógio
divino que ditava suas ações em todos os campos. Seu legado ainda vive na
astrologia, na literatura e até na medicina antiga
"Enquanto Sin brilhar sobre Ur, a ordem
do mundo permanecerá"
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