segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MunhozStock III...

É o terceiro ano seguido que sou chamada pra ir e não arrumo tempo. Quer saber, dessa vez eu vou!

É fácil chegar a Munhoz? Bico, é só seguir as instruções... O pessoal do ônibus chegou sem problemas, claro que o motorista conhecia o caminho, diferente de nós...

Fora o trânsito chatíssimo, saímos de Sampa com bom tempo para uma véspera de feriado, parecia que Hermes tinha se aposentado das piadas, ou saiu pra beber com Dionísio dando uma trégua. A Fernão Dias estava calma e nós sem pressa. Durante a semana, havíamos acordado seguir o ônibus da Gang, mas eu mesma duvidava que agüentássemos até dez da noite. Dito e feito deu ataque de ansiedade na dupla sagitariana e resolvemos seguir por conta. Afinal, somos duas bruxas geniais, devidamente cartografadas e com uma série de indicações, o que poderia dar errado? Horas depois, em uma crise de riso, lembrei que alguém já havia me explicado que não dava pra confiar no mapa, inocência minha achar que um Malkaviano teria um mapa certinho, isso é coisa pra Ventrue, mas pior é a Brujah aqui não se lembrar disso. Mas tudo bem, é tudo diversão.

Uma parada no caminho e um pé de moleque gigante se juntou a bagagem, nem sei exatamente pra que, aliás, o que foi feito dele? Após passarmos a divisa, chegamos ao retorno, que na verdade devia ser chamado de "conversão para esquerda no meio da estrada", pobre Leão da Montanha... A amiga piloto avisou que só faria a conversão quando não visse mais nenhuma luzinha de farol brilhando. Aguardamos pacientemente que a última estrela se apagasse e convertemos. O próximo passo era localizar uma entradinha a direita, que deveria estar bem pertinho, perto, mais devagar... Aqui! por pura sorte não passamos batido, caso isso acontecesse, teríamos que fazer o retorno em Constantinopla.

A entradinha era quase um tombo... Abaixamos o som para ler o mapa. Entendo agora que se o som estiver alto a gente não enxerga! Você não acredita? então pense bem e vai ver. Toda a vez que acendia a luz da cabine minha amiga abaixava o som e nós duas riamos meia hora.

Entramos em Toledo, a estrada é bem bonita, tão cheia de curvas que não sabia se estavamos indo ou voltando e o CD roqueiro, que ainda não foi ouvido inteiro por excesso de músicas, ia rolando. Em uma encruzilhada em T, viramos pro lado errado, o que você esperava?! Se fosse de dia teria placa, mas como era de noite a placa deve ter migrado com as andorinhas! Outra coisa importante: o lado errado sempre parece mais viável que o certo, ele é mais bonito, mais iluminado e a única semelhança com o outro é a ausência total de pessoas para dar informação.

Acreditando que pudéssemos ter virado a esquerda em Albuquerque, resolvemos perguntar, só restava saber pra quem. Ao longe avistamos um letreiro escrito "restaurante" - parecia coisa do Pateta perdido na autoestrada. Não era exatamente um restaurante, mas também, como não iamos comer absolutamente nada... Ao descer do carro fui recebida por dois vira-latas guardiões, daqueles que se você bate o pé ele começa a ganir, correr e latir te olhando furioso e acordando toda a vizinhaça - cumprimentei a dupla que se contentou em ficar me rodeando. Entrei e perguntei pelo caminho para Munhoz para o único ser humano presente, e que eu duvidava que pudesse se levantar de onde havia se encaixado. Depois de um grunhido e várias palavras desconexas entendi que os cachorros da porta se comunicavam melhor. Estava pensando em ir mais pra dentro do bar procurar qualquer outro mais sóbreo, quando de repente sai de uma porta lateral, que não era visível por causa da geladeira, uma moça que parecia ser a cozinheira – com um bom humor absoluto ela explicou que seu irmão foi tocar em Munhoz, apesar dela não saber o que estava acontecendo, todo mundo estava indo pra lá naquele dia, e nos ensinou como pegar a estrada certa. Nós oferecemos carona pra Ana Lucia, caso quisesse ver o irmão tocar, mas a parentaiada havia chegado de São Paulo para o findi e teria que se contentar em ficar. Seguimos em frente.

Dizem que é fácil identificar os moradores do Bairro dos Pereira pelo sotaque, mas como se faz isso quando não se encontra com ninguém? Como iríamos saber onde estávamos? Bem, quando passamos pela placa que indicava o bairro, ela deve ter se abaixado, porque não estava lá e para falar a verdade eu estava esperando outra coisa, não me pergunte o que ou como, mas digo que na minha cabeça o tal bairro é diferente. Portanto ali já era Munhoz.

Depois de acharmos uma praça e uma igreja matriz descobrimo-nos perdidas. Já me perguntaram como pudemos nos perder em um jogo da velha, e a resposta é: Perdemo-nos entre dois jogos da velha e não dentro de um deles. Oras! Subimos a rua da matriz, voltamos - e cada vez que passavamos por ela me vinha a sensação de que era tão grande que precisariam de pessoas do bairro dos Pereira somadas a todo um pomar para encher a igreja no domingo. Umas figuras muito estranhas pediram carona, mas carona para onde já que tudo é tão perto, então o que eles estavam fazendo ali? Subimos de novo, descemos e este movimento de vai-vem poderia ter durado até o Fim da Eternidade se não houvesse surgido do meio do nada uma van (existe aqui uma controvérsia quanto à cor da mesma), poderíamos ter sido solenemente ignoradas, mas o ilustre desconhecido parou a nosso pedido, todos demos ré. Abaixo a conversa travada:

_Por favor, como pegamos a estrada para Serraria? E uma voz feminina grita do fundo da van. _Pra onde vocês estão indo? Respondemos em uníssono: _MunhozStock, no sitio do Felipe – não falamos Munhoz ou o Sitio Montanari, fomos completamente disléxicas. Claro que para qualquer pessoa normal isso não bastaria, mas não é que a voz sabia?!... Nós os seguimos até a verdadeira Munhoz, chorando de rir, discutindo a cor da van e tecendo comentários inteligentemente idiotas, com o som bem alto.

Ao chegarmos a Munhoz, paramos na rua antes da igreja, pois estava tendo uma festa e não dava para passar. Daí a dona da voz salvadora nos explicou que é quase prima da familia em questão. É quase como se esse fosse o único Felipe de toda a região, melhor ele nem mora lá! Daí quando digo que eu entendo perfeitamente o que ela quis dizer com o "quase" as pessoas me olham torto. A Juliana nos deu as perfeitas explicações para achar a estrada. Agora só falta achar o sitio!

Ainda bem que viajávamos em um cabrito montês. Que Pirambeira! Seguimos reto, e em todas as bifurcações pegamos a direita, conforme instruções. Isso era pra ser simples, mesmo porque deveriam haver placas. A única preocupação era que de tanto pegar a direita poderíamos acabar em Toledo novamente. De todas as direitas encontrei uma única que tinha placa. Fico pensando, se aquilo for uma placa, nem quero pensar em uma bula de remédio. Voltei no dia seguinte para tirar foto da placa em questão.

Achamos o Sitio Montanari, lá no alto da montanha, cheio de pessoas incríveis para um Feriado Inesquecível!

...................................................Livia Ulian