sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nonae Caprotinae

A noite de Nonae Caprotinae estava linda! A lua enchia o céu com sua cor amarelada – e a impressão geral era de que a guerra havia sido deixada pra amanhã. Que Júpiter assim permita!

Já fazia alguns dias que as coisas pareciam que iam mudar, talvez pela proximidade dos festejos honrando sua esposa, talvez por ter encontrado uma nova distração – o caso é, Ele estava de bom humor e por conta disso Roma estava em paz. Claro, por aqui isso nunca dura tempo o suficiente para enjoar.

Nesta noite viam-se as companhias de teatro interpretando suas comédias por toda a cidade. Elas se multiplicavam e em cada nicho existia um ator mal vestido mostrando seu talento. A grande arena, por sua vez, estava lotada e de longe era possível ouvir a multidão pedindo mais uma vítima, porém nesta noite, os sacrifícios faziam parte da grande encenação, e somente vez ou outra, Marte tingia sua espada. Uma mistura de odores podia ser sentida por toda parte, parecia que todos os campesinos visitavam a cidade com suas caçarolas, para nelas cozer suas especialidades.

Num canto da cidade, em uma das muitas vilas residenciais, a deusa em sua face Lucina, trazia ao mundo uma linda menininha, que ao invés de chorar como todo recém nascido, riu encantando a todos. Seu sorriso pareceu aos olhos das parteiras, o da própria mãe, não aquela que lhe dava a luz, e sim aquela que lhe trazia ao mundo.

Para legitimar esta adoção a Deusa imbuiu à criança de dons poucos conhecidos, porém intensamente desejados pelos praticantes da antiga Arte.

Memórias de Todas as Vidas
....................................................Livia Ulian