segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Essência!


...Éramos nós os últimos sobreviventes, com a missão de defender os ideais, os ritos, daquele mundo no qual acreditávamos. Poucos, fiéis e obstinados, fortes e frágeis pela lealdade que nos acorrentava aos antigos laços de amizade.
Após tanto tempo, não sabíamos mais o que proteger, se nossos ideais ou uns aos outros. Os questionamentos surgiam nos olhos de todos e cada um. Improferíveis! Eu mesma nunca teria coragem de perguntar, em voz alta, o porquê de estarmos ali. O motivo havia sido perdido há muito, talvez no momento em que não mais conseguimos limpar as mãos do sangue de outrem. Foi a primeira vez que me perguntei silenciosamente, mas minha cabeça não conseguia achar uma resposta e o corpo continuou agindo.
Essa pergunta surge de tempos em tempos e continua sem resposta e na verdade não sei se quero encontrá-la.
Tudo está perdido e a maioria se foi, de uma maneira ou de outra. Aqueles que restam não são mais os mesmos e por vezes tenho a certeza que o sangue das mãos se misturou a alma perdida. A piedade nos abandonou assim como assim como o mundo nos esqueceu!
Não quero morrer aqui, quero voltar pra casa. Faz tanto tempo! Como?Alguns tentaram e seus corpos poluíram a água do rio. Hoje a morte não parece tão ruim, talvez seja a única saída dessa prisão sem muros.
Perdemos a inocência e a essência do que é ser humano. Não rezo mais para o meu deus e nem tenho esperança. A mim só resta ir até o fim e ver cada um daqueles que um dia chamei de amigos perder a vida, porque a alma há muito se foi...

Memórias de Todas as Vidas
Out/24’ 2004
...........................................................Livia Ulian

Um comentário:

Márcia Alcântara disse...

Bem,não sei porque ou até mesmo sei, um calafrio passou por mim como algo que não posso descrever, da mesma maneira aconteceu das lagrimas simplesmente escorrem em meu rosto...como disse,não sei por que ou até mesmo sei.
paz,luz e harmonia!