quinta-feira, 22 de março de 2012

Shannon

...Mãe Antiga ouço seu chamado,
Mãe Antiga ouço sua canção,
Mãe Antiga ouço seu riso,
Mãe Antiga provo tuas lágrimas...

Quase como um hino, todos chegamos com está musica gravada no coração. Em todas as oportunidades era ela que cantávamos mais forte, do fundo da alma, para que a mãe realmente nos ouvisse e nos transportasse até aquele lugar mágico, imaterial, onde todos eram um.

...Mãe Antiga ouço seu chamado,
Mãe Antiga ouço sua canção,
Mãe Antiga ouço seu riso,
Mãe Antiga provo tuas lágrimas...

Sim, nós viemos de mundos completamente diferentes, histórias de vida impensáveis e ideias que jamais se encontrariam. Éramos o melhor exemplo de paralelo que poderia existir. Ser diferente teria sido o nosso forte se não fosse nosso maior desafeto. Entretanto estávamos lá, inadvertidamente juntos, cantando e confiando no poder da deusa, buscando em uma longa viagem interior, o poder a muito sepultado por nós mesmos.

...Ísis, Astarte, Diane, Hécate, Deméter, Kali, Inanna...

Amigos e Inimigos, tão antigos quanto as mônadas, ameaçavam emergir e se apoderar da energia, tomá-la para si, escravizá-la, torcê-la e retorcê-la, até que esta se modelasse ao seu prazer. Mas é muita pretensão tentar controlar a natureza.

...Grande espírito, Terra, Fogo e Mar,
Estas em tudo e dentro de mim...

Nessas horas alguns cantavam mais forte, como se nossas vozes fossem capazes de calar a mágoa, de afugentar o rancor, imprimindo uma barreira sustenida na noite. Fico imaginado o que aconteceria se essas almas tivessem tido sucesso. Claro, o universo conspirou a nosso favor.

...Mãe Terra me leva, sempre criança
Mãe Terra me leva de volta pro mar...

Silfos podem ser mais perigosos que Salamandras quando resolvem interferir. Sem nenhuma piedade eles assumiram a regência e nosso canto perdeu a cor. Nos unimos sob uma mesma clave e nos separaríamos da mesma maneira.

...O círculo está aberto mais não foi quebrado,
O amor da deusa está dentro de nós.
Feliz encontro, Feliz partida
E quem sabe até um Feliz reencontro...


Memórias de Todas as Vidas
........................................................£ivia Ulian

Um comentário:

Márcia Alcântara disse...

É ouvimos o chamado. E como era tudo mágico e imaterial! Que por muitas vezes a cegueira dominava, mas não havia importância quando o ar lilás era tomado, quando a outra dimensão era percebida...
Todos diferentes e tão iguais. Isso era incomensurável.
Mas, como tudo na vida tem um “mas”, o “mas” chegou e se fez presente... as diferenças que antes eram percebidas discretamente deu lugar a tanta cousa, talvez a percepção de que não eram tão iguais...

Cantar sozinha...
Ouvir sozinha...
Chamar sozinha...
Ver rolar uma lagrima sozinha...

Foi o que me marcou e então pensei se o chamado tinha se desfeito. Sim, ouvi pessoalmente que sim. Fui "deschamada". Fiquei triste e abalada, por que percebi que não eramos iguais cousa nenhuma e os diferentes eram "deixados de lado até se tocarem e sairem" ou "deschamados" para os que não se tocavam, no caso, eu.

Isso durou pouco, e de tudo que passei um “resto” sobrou... eu nunca ia saber dar tanto valor a um “resto”... essa sobra é tão, tão mágica que é um “resto iluminado” no mais intimo e literal do significado do que a expressão disse! E de tudo eu aprendi ficou a lição : valorizar a magia do “que sobra”... a sobra me é o tudo e o tudo, simplesmente, deixou de ser.

Não canto sozinha...
Não ouço sozinha...
Não chamo sozinha...
E minha lagrima, não é só minha...

Cresci tanto, e á isso agradeço eternamente. Não tenho magoas, mas sim, memória, das horas, das Luas, dos minutos, das alegrias, da casa imaterial que construi...de tudo que não é mais.


Márcia Alcântara
Quando caem as folhas de 2012.